Quais exames são essenciais para o diagnóstico do zumbido?

Você escuta um som que ninguém mais ouve — e ele simplesmente não vai embora. Pode ser um apito, chiado, motor, cigarra… O nome disso é zumbido no ouvido, e quem convive com ele sabe que o impacto vai muito além da audição.

O que muita gente não imagina é que o diagnóstico do zumbido pode (e deve) ser feito com exames específicos. É esse passo que transforma a frustração em caminho. E, diferente do que parece, não é “tudo psicológico”, nem um simples “é assim mesmo, acostuma”.

Neste artigo — baseado em conversas reais do nosso podcast, o Z.Cast, conduzido por especialistas no assunto — vamos te mostrar quais exames ajudam a diagnosticar o zumbido, o que cada um revela e por que ele é o ponto de partida para um tratamento eficaz.

Por que o zumbido precisa de investigação?

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Antes de tudo, é importante entender: zumbido não é uma doença em si. Ele é uma condição. E como qualquer sintoma, pode ter causas diferentes — algumas simples, outras mais delicadas. No entanto, quando ele causa muita aflição ao paciente, ele pode ser tratado como uma doença.

Perda auditiva, alterações na articulação da mandíbula, estresse, problemas neurológicos ou vestibulares são só algumas possibilidades.

Por isso, não adianta apenas “ouvir o paciente”. É essencial fazer uma investigação clínica completa, com exames auditivos, exames de imagem e, às vezes, até avaliações fora da otorrinolaringologia tradicional.

Audiometria: o ponto de partida

O exame mais básico (e obrigatório) quando se fala em diagnóstico do zumbido é a audiometria tonal. Ele mostra como está a sua audição em diferentes frequências e volumes — ou seja, revela se há alguma perda auditiva, e em qual grau.

Como explicam as doutoras Ligia Morganti e Sandra Bastos, “o zumbido muitas vezes aparece antes mesmo da pessoa perceber que está com perda auditiva”. A audiometria ajuda a flagrar essa alteração precocemente.

Esse é o primeiro passo para compreender a situação do paciente.

Acufenometria: entendendo o som que só você ouve

Fez a audiometria? Ótimo. O próximo passo geralmente é a acufenometria.

Esse exame tenta “replicar” o som que você escuta internamente. Ele mede a frequência e a intensidade do seu zumbido, ajudando o médico a entender como ele se comporta.

Por mais subjetivo que o zumbido pareça, a acufenometria é um dos primeiros passos para torná-lo mensurável.

É também com base nesse exame que muitas terapias sonoras são programadas. Afinal, se conseguimos saber “que tipo de barulho” o cérebro está percebendo, é possível usar sons semelhantes (ou opostos) para tentar neutralizá-lo. Além disso, quando o especialista possui uma noção da intensidade do zumbido percebido pelo paciente, torna-se muito mais fácil adequar a terapia à realidade do paciente.

Imitanciometria: o ouvido médio entra em cena

Também chamada de impedanciometria, a imitanciometria avalia o funcionamento do ouvido médio — mais precisamente da membrana timpânica, cadeia ossicular e tuba auditiva.

“Pacientes com alterações no ouvido médio, como disfunções da tuba ou pressão negativa no tímpano, podem desenvolver zumbido”, explicam as especialistas em um dos episódios do podcast.

Esse exame ajuda a identificar se há algo interferindo mecanicamente na audição — como infecções, disfunções musculares ou mesmo rigidez nos ossículos.

Exames de imagem: quando olhar além do ouvido?

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Se os exames auditivos iniciais não esclarecem a origem do zumbido, é hora de partir para as ressonâncias magnéticas ou tomografias computadorizadas.

Esses exames entram especialmente quando há:

  • Zumbido unilateral (em apenas um ouvido)
  • Perda auditiva súbita
  • Suspeita de lesões retrococleares (como neurinomas)
  • Histórico neurológico relevante

Segundo o Z.Cast, o objetivo não é fazer “exame por desencargo”, mas identificar causas mais sérias que não aparecem nos testes auditivos tradicionais.

Avaliação do Processamento Auditivo Central (PAC)

A pessoa escuta bem, tem audiometria normal, mas o zumbido está lá? Então vale a pena investigar o cérebro.

A avaliação do processamento auditivo central (PAC) analisa como o cérebro interpreta os sons recebidos — algo muito mais complexo do que simplesmente “ouvir”.

Em alguns casos, o cérebro pode estar “hiper focado” em certos sons internos, o que contribui para a percepção constante do zumbido.

“É como se o cérebro não conseguisse mais ignorar o som que está ali o tempo todo”, explicam as especialistas em um dos episódios.

Exames vestibulares: e se o zumbido vier acompanhado de tontura?

Zumbido e tontura muitas vezes andam juntos. E quando isso acontece, a investigação precisa incluir o sistema vestibular — responsável pelo nosso equilíbrio.

Exames como a VENG (videonistagmografia), VEMP e posturografia ajudam a entender se há disfunção no labirinto, ou se o cérebro está processando mal os estímulos sensoriais.

“É um ponto que muitos pacientes ignoram. Mas quando investigamos direito, encontramos relação entre instabilidade, vertigem e o zumbido crônico”, comentam as médicas.

Outro exame que vale a pena mencionar é o VHIT, ou Teste de Impulso Cefálico por Vídeo (Video Head Impulse Test). Esse exame avalia o reflexo vestíbulo-ocular que mantém a estabilidade da visão durante movimentos rápidos da cabeça. Sua função é ajudar a diagnosticar distúrbios do equilíbrio e tontura, identificando problemas nos canais semicirculares do ouvido interno.

E quando o problema não está nos ouvidos?

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Muita gente chega ao consultório com zumbido no ouvido — mas o exame auditivo está normal. É aí que entra a abordagem multidisciplinar.

Dependendo do caso, o diagnóstico do zumbido pode exigir avaliação de:

  • Dentistas (em casos de bruxismo ou disfunções temporomandibulares – DTM)
  • Fisioterapeutas (postura, cervicalgias, tensões musculares)
  • Psicólogos ou psiquiatras (estresse crônico, ansiedade, hipervigilância auditiva)

“Um paciente pode ter zumbido por dormir mal, tensionar o pescoço, apertar os dentes e viver estressado — tudo ao mesmo tempo”, destacam as médicas no Z.Cast.

O segredo está em montar o quebra-cabeça, peça por peça.

Diagnóstico do zumbido: começo de uma nova etapa

Receber um zumbido diagnosticado com precisão muda tudo. Muda o foco do tratamento, muda o entendimento do paciente sobre si mesmo e, principalmente, muda o rumo do sofrimento.

Como concluem as especialistas do Z.Cast, Dra. Ligia Morganti e Dra. Sandra Bastos: “Quando o paciente entende que não está maluco, que aquele zumbido existe, que há um motivo e um plano, o alívio já começa ali”.

O tratamento para zumbido não é uma fórmula mágica, mas sim um caminho construído com base em exames, escuta qualificada e decisões compartilhadas. E o primeiro passo, sempre, é buscar ajuda especializada.

Se você ou alguém próximo sofre com esse sintoma, não ignore. Procure um otorrinolaringologista, escute os sinais do seu corpo — e, se quiser começar por um conteúdo leve, mas cheio de informação prática, o Z.Cast está no ar com episódios que falam justamente disso: diagnóstico, tratamento do zumbido e o dia a dia de quem vive (e trata) esse som invisível.

➡️ Para saber mais, acesse: zumbidopodcast.com.br
E confira os episódios que aprofundam temas como esses, com falas reais de especialistas no assunto!

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