Você já se perguntou por que algumas pessoas conseguem conviver com o zumbido no ouvido sem tanto incômodo, enquanto outras sentem que ele domina completamente suas vidas? A resposta pode estar menos no ouvido… e mais no cérebro. Isto ocorre porque a percepção do zumbido não depende apenas do som em si — aquele chiado, apito ou assobio que ninguém mais ouve —, mas da forma como o cérebro interpreta esse som. E, principalmente, do papel que as emoções exercem nesse processo.
Neste artigo, vamos explorar de forma leve e acessível o que a ciência vem revelando sobre a ligação entre emoções e a percepção do zumbido, com base em uma conversa rica entre especialistas no assunto, registrada no Zumbido Podcast.
A percepção do zumbido: o que é esse som?
Para começo de conversa, é importante entender o que é o zumbido. Ele não é um som com fonte externa, isto é, produzido no ambiente. É gerado dentro do cérebro, como uma tentativa de compensar uma falha auditiva — uma perda de audição, por exemplo. Por isso, muitos o descrevem como um alerta interno, um sintoma de que algo não está bem com o sistema auditivo.
Em alguns casos, esse som aparece e desaparece. Mas, em outros, a percepção do zumbido se torna contínua — e, com o tempo, pode afetar o sono, a concentração, o humor e a qualidade de vida.
E é aí que entram as emoções.
Por que o zumbido não some?
Segundo os especialistas, o grande enigma não é só entender por que o zumbido aparece. Mas por que ele não desaparece. Mesmo em ambientes silenciosos, mesmo sem uma causa física ativa aparente, o som persiste.
Essa permanência tem tudo a ver com funções executivas do cérebro — especialmente uma chamada “função inibitória”. Em termos simples, essa função serve para filtrar estímulos irrelevantes. É o que permite, por exemplo, que você ouça a voz de uma pessoa em uma festa barulhenta, ignorando todo o resto.
O problema é que, no caso do zumbido, o cérebro falha em ignorar. Ele continua trazendo o som à tona, como se aquilo fosse importante, digno de atenção.
E quanto mais o paciente tenta “não ouvir”… mais ele percebe o zumbido, levando a um incômodo crescente.
No episódio 6 do Z.Cast, as doutoras Ligia Morganti e Sandra Bastos conversam com a Dra. Maura Sanchez, Fonoaudióloga, formada pela UNIFESP, Mestre em Ciências Otorrinolaringológicas pela UNIFESP. Coordenadora e Professora do CEFAC – Centro de Pós-Graduação em Saúde e Educação. Nesse bate papo, a Dra. Maura Sanchez fala sobre como as emoções impactam a percepção do zumbido, confira:
Episódio #06 – Dificuldade em deixar de perceber o zumbido
Emoção, memória e atenção: tudo conectado
Durante o podcast, as doutoras Lígia Morganti, Sandra Bastos e Maura Sanchez explicam que o zumbido pode ativar áreas do cérebro ligadas à emoção, memória e atenção. Quando isso acontece, o som, que em si não tem nenhum significado, passa a ser processado como se fosse uma informação relevante. Um “sinal” a ser aprendido.
O resultado? O zumbido entra na chamada memória de trabalho — uma área onde lidamos com informações temporárias. E lá, ele fica sendo reapresentado repetidamente. Quanto mais ele reaparece, mais incômodo se torna.
Esse processo cria um ciclo vicioso: o som causa angústia, a angústia reforça o som, e assim por diante. Não é uma questão de “força de vontade”. É neurociência pura.
E se o problema não for só o ouvido?
Muitos pacientes com zumbido passam por vários médicos sem encontrar uma solução. Exames normais, nenhuma infecção, nenhum dano aparente. E o som continua lá.
Isso acontece porque o zumbido, na verdade, não é só um problema auditivo. É também — e talvez principalmente — um problema de processamento cerebral. É o cérebro que decide o que ignorar e o que manter em evidência.
Nesse sentido, exames como a acufenometria (que mede as características do zumbido) e a avaliação do processamento auditivo central podem ajudar a entender como o cérebro está lidando com esse som.
O papel do otorrinolaringologista (e de outros especialistas)
Diante desse cenário complexo, o papel do otorrinolaringologista é essencial. Mas não é o único. Psicólogos, fonoaudiólogos e neurologistas também podem ajudar, especialmente em abordagens que envolvem o cérebro e o comportamento.
O tratamento para zumbido mais eficaz costuma ser multidisciplinar. Pode envolver desde terapias sonoras até técnicas de mindfulness, reabilitação auditiva, terapia cognitivo-comportamental e exercícios de dessensibilização.
Mas tudo começa com um bom diagnóstico — e com a escuta atenta do paciente. Porque, como dito no episódio, a queixa do zumbido não é uma reclamação qualquer. É uma manifestação real de algo que está afetando profundamente a vida daquela pessoa.
Zumbido e emoções: por onde começar?
Se você chegou até aqui, talvez esteja vivendo essa experiência ou conheça alguém que está. E a melhor coisa a fazer é não ignorar os sinais. Nem os do ouvido, nem os do corpo.
Procure um especialista que entenda o zumbido como um fenômeno multifatorial. Que investigue não só a audição, mas também o modo como o seu cérebro está processando aquele som. E, mais importante, alguém que leve sua queixa a sério.
Porque entender o que está por trás da percepção do zumbido é o primeiro passo para tirar o foco dele. E, aos poucos, o tratamento adequado ajuda o paciente a retomar sua qualidade de vida, diminuindo gradativamente o impacto que essa condição possui sobre o seu cotidiano.
E aí, gostou de saber mais sobre esse tema? Para mais informações sobre o zumbido no ouvido, acompanhe o Z.Cast, o nosso podcast especializado em zumbido! Estamos presentes nas principais redes sociais e plataformas, venha dar uma olhada:
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