Quais exames auditivos são essenciais para o diagnóstico do zumbido?

Você já saiu de um consultório com a audiometria “normal” nas mãos, mas o zumbido continua lá, firme e forte? Se sim, você não está sozinho. Muita gente vive essa mesma frustração. E é aí que entram os exames auditivos — não só a audiometria tradicional, mas um verdadeiro arsenal de testes que ajudam a desvendar o que está acontecendo com sua audição.

Se você sente esse barulho insistente no ouvido e ainda não encontrou respostas, esse artigo é pra você. Vamos falar dos principais exames usados por otorrinolaringologistas para investigar o zumbido e por que eles são tão importantes no caminho para um tratamento mais certeiro.

Audiometria: o ponto de partida

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Quando se fala em exames auditivos, a audiometria aparece como protagonista. É o exame mais comum e indispensável na avaliação inicial de qualquer pessoa com zumbido. Ele ajuda a entender se há uma perda auditiva clara — algo bastante comum nesses casos.

Mesmo quando o paciente acredita que escuta bem, a audiometria pode revelar alterações sutis que estão impactando o sistema auditivo. E mais: essa alteração na forma como o som chega ao cérebro costuma ser um dos gatilhos para o zumbido começar.

Mas… e se a audiometria der normal?

No episódio 4 do Z.Cast, as doutoras Lígia Morganti e Sandra Bastos conversam com a Dra. Patrícia Ciminelli, otorrinolaringologista, que é doutora em medicina pela UFRJ. Com vasta experiência em pacientes com zumbido, tontura e perda auditiva, nesse bate papo, a Dra. Patrícia Ciminelli fala sobre os exames auditivos essenciais para o diagnóstico do zumbido, confira:

Episódio #04 – Exames utilizados para o diagnóstico do zumbido

Quando o básico não explica tudo: audiometria de altas frequências

Sim, pode acontecer. E acontece muito. A audiometria convencional avalia sons até 8 mil hertz — mas nossa audição vai além disso. O zumbido, muitas vezes, mora justamente nas frequências mais altas, que não são detectadas nesse exame básico.

É aí que entra a audiometria de altas frequências, capaz de investigar frequências que vão até 16 ou até 20 mil hertz, dependendo do equipamento. Esse exame ajuda a identificar perdas que passariam despercebidas e que, sim, podem estar por trás do zumbido.

Autoemissões acústicas: uma espiada nas células do ouvido

Outro exame que entra nessa investigação é o de autoemissões acústicas. Ele permite avaliar o funcionamento de estruturas super delicadas do ouvido interno — as células ciliadas externas — que têm um papel importante na qualidade da audição e também podem estar envolvidas no surgimento do zumbido.

Mesmo quando a audiometria não mostra alterações, esse exame pode detectar disfunções que fazem diferença na vida do paciente.

PEATE (ou BERA): o caminho do som até o cérebro

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Você já ouviu falar em PEATE ou BERA? Os dois nomes se referem ao mesmo exame: o Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico. Ele avalia como os sons percorridos pelo ouvido chegam até o tronco cerebral. Em outras palavras, é como se o exame monitorasse o trajeto do som até o cérebro, verificando se há alguma falha nesse caminho.

Esse exame é especialmente útil em casos de zumbido com audiometria normal, pois ajuda a detectar falhas ocultas na condução auditiva.

Acufenometria: medindo o zumbido

Zumbido é algo subjetivo, né? Cada pessoa descreve de um jeito. Mas existe um exame que tenta tornar isso um pouco mais palpável: a acufenometria.

Esse exame mede três aspectos principais:

  • Frequência do zumbido: parece mais com um apito ou um chiado?
  • Intensidade: o quão alto é esse som?
  • Nível de mascaramento: qual o volume necessário para que o zumbido desapareça com outro som?

Tudo isso é feito dentro de uma cabine audiométrica, com equipamentos específicos. A acufenometria não é exata (afinal, o zumbido pode mudar de um dia para o outro), mas ajuda bastante a individualizar o tratamento.

O papel dos exames auditivos na investigação do zumbido

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Aqui vai um ponto importante: mesmo quando todos os exames estão normais, isso ainda é um dado valioso. Isso porque há casos em que a perda auditiva é chamada de “oculta”. Ou seja, ela não aparece nos testes convencionais, mas existe — muitas vezes nas conexões entre os nervos auditivos, algo que a ciência chama de sinaptopatia.

Essa “falha invisível” no sistema auditivo pode sim estar por trás do zumbido. E é por isso que, quando a gente fala em tratamento para zumbido, precisa entender que cada caso é único. Os exames ajudam a encontrar essas nuances e indicam o melhor caminho para cada pessoa.

Mais que diagnóstico: exames que ajudam a tratar

Os exames auditivos não servem só para confirmar o diagnóstico. Eles também ajudam os profissionais a individualizar o tratamento, definindo estratégias que podem ir desde o uso de aparelhos auditivos até terapias sonoras, manejo emocional, acompanhamento psicológico ou neurológico. Uma das abordagens mais utilizadas é a TCC – Terapia Cognitivo-Comportamental, que visa ressignificar a resposta do paciente ao zumbido.

O zumbido não tem uma cura única e milagrosa, mas tem tratamento, sim. E quanto mais o especialista conhecer o paciente e entender o que está por trás do incômodo gerado pelo zumbido, maiores são as chances de trazer de volta a tranquilidade do paciente.

A voz do paciente importa

Durante a investigação, é essencial ouvir quem vive com zumbido todos os dias. Afinal, a intensidade, a frequência e o impacto desse som na vida variam muito. Tem gente que convive bem com ele. Outros, não conseguem dormir. Por isso, além dos exames, a escuta ativa do paciente é peça-chave no processo.

E quando os exames não trazem a resposta que a gente esperava? Bom, às vezes, isso também é uma resposta. É um sinal de que o sistema auditivo está intacto em seus exames básicos — mas talvez o cérebro esteja processando esses sons de forma alterada. Isso muda o foco do tratamento, mas não diminui sua importância.

Recapitulando a importância dos exames auditivos no diagnóstico do zumbido

Se você sente zumbido no ouvido, não pare na primeira audiometria. Muitas vezes, é preciso ir além, com exames como:

  • Audiometria de altas frequências
  • Autoemissões acústicas
  • PEATE (ou BERA)
  • Acufenometria

Outros exames podem ser solicitados também, a depender do parecer e da abordagem do especialista. Neste sentido, buscar um otorrinolaringologista com experiência em zumbido é essencial. Ele saberá interpretar os exames, ouvir sua história com atenção e traçar um plano de ação que tenha sentido pra você — e não só para os resultados no papel.

Zumbido é um sintoma complexo, mas cada exame, cada conversa, cada detalhe ajuda a montar esse quebra-cabeça. E quando o especialista entende melhor o que está acontecendo com o paciente, tudo começa a fazer mais sentido.

Para mais informações sobre o tema, acompanhe o Z.Cast, o nosso podcast especializado em zumbido! Estamos presentes nas principais redes sociais e plataformas, venha dar uma olhada:

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